O Real Madrid deu um passo inédito em seus cento e vinte e três anos de história. Durante a assembleia anual, em Valdebebas, o presidente Florentino Pérez apresentou aos sócios a intenção de criar uma empresa subsidiária que permita a entrada de um investidor minoritário, algo entre 5% e 10%, sem que o clube deixe de ser controlado exclusivamente pelos quase cem mil sócios.
Florentino armou que o clube passou os últimos 12 meses estudando alternativas para fortalecer sua estrutura sem abandonar o modelo associativo vigente desde 1902. Segundo ele, a ideia central é dupla: blindar o clube contra ataques externos e internos e tornar mais claro o valor econômico que pertence aos sócios. O presidente também rebateu rumores recentes sobre perda de controle, necessidade de capital ou intenção de deixar o cargo.
“Li coisas absurdas, que eu deixaria a presidência, que o clube passaria a ser de uma fundação ou que a reforma custaria dinheiro aos sócios. Um completo disparate. Somos o clube mais rico do mundo e queremos continuar sendo”.
O dirigente reforçou que o modelo de associação continuará intacto, com a assembleia de representantes e o sistema eleitoral preservados. A principal mudança está no reconhecimento formal de que os sócios são os proprietários econômicos do clube, com direito a transmitir esse valor às próximas gerações. Novos sócios só serão admitidos quando houver vagas, priorizando descendentes, como forma de manter a identidade histórica.
O investidor que entrar, segundo o presidente, não terá poder de gestão. A participação será simbólica e servirá como um selo de valor do mercado, desde que respeite os princípios do Real Madrid. Caso queira vender sua parte no futuro, o clube terá sempre prioridade para recomprar.
“Queremos que os 100 mil sócios sejam, de forma ativa, os guardiões do nosso patrimônio. Precisamos garantir que o clube nunca caia nas mãos de ninguém. Temos um tesouro nas mãos”, afirmou Florentino Pérez.
A proposta será apresentada em uma assembleia extraordinária nas próximas semanas. Depois, um referendo permitirá que todos os sócios votem diretamente no novo estatuto.

