Liverpool e Manchester United voltam a se enfrentar neste domingo (19), em Anfield, pela oitava rodada da Premier League. O jogo vale muito na tabela, mas carrega algo maior. É a rivalidade mais simbólica do país, moldada por mais de um século de disputas entre duas cidades que aprenderam a competir antes mesmo do futebol.
Antes do jogo, o Manchester City ultrapassou o Liverpool ao vencer o Everton e chegou aos 16 pontos. O time de Arne Slot soma 15, na terceira posição, empatado com o Bournemouth, mas à frente no saldo de gols. O United ocupa a 11ª colocação com dez pontos, distante da zona de classificação para competições europeias.

Duas cidades, um velho ressentimento
Antes de ter a grande rivalidade dentro das quatro linhas, Liverpool e Manchester eram polos econômicos rivais. No século 19, o porto de Liverpool era fundamental para a economia britânica. A construção do Canal de Manchester reduziu essa dependência e acirrou a disputa entre as duas cidades. Com o tempo, o futebol se tornou a extensão natural desse embate.
Os clubes cresceram lado a lado e dividiram o protagonismo do país. Ambos os clubes possuem 20 títulos nacionais. Na Europa, a vantagem é dos Reds: seis taças da Champions contra três do rival. A rivalidade passou por diferentes fases, mas nunca perdeu relevância.
Durante décadas, os Reds dominaram a liga e a Europa, principalmente nos anos 1970 e 1980, sob o comando de Bill Shankly e Bob Paisley.
Mas a chegada de Alex Ferguson em Old Trafford mudou o curso da história. O escocês ergueu 13 troféus da Premier League e fez o United ultrapassar o rival no número de conquistas domésticas. Enquanto isso, o Liverpool manteve sua grandeza continental: seis títulos da Champions League, o último em 2019.
A rivalidade se tornou, então, um espelho das eras. De um lado, o United do pragmatismo e da reconstrução constante. Do outro, o Liverpool que se reinventou com Jürgen Klopp e hoje vive grande fase sob o comando de Arne Slot.
O domínio recente em Anfield
Nos últimos anos, o palco de Anfield tem sido cruel com os visitantes. O Manchester United não vence lá desde janeiro de 2016. São dez jogos sem vitória, entre Premier League e competições europeias. O Liverpool venceu sete desses duelos e, em alguns, com atuações memoráveis, como o 7 a 0 de 2023.
Mohamed Salah é o símbolo recente desse domínio. O egípcio marcou em dez dos últimos onze encontros contra o United e se tornou o maior artilheiro do clássico na era da Premier League.
Do outro lado, Bruno Fernandes tenta manter o time de Ruben Amorim competitivo, sendo o líder de chances criadas na competição. O United venceu o Sunderland na última rodada, mas ainda vive o mesmo dilema: um gigante adormecido e cheio de crises, o que transforma a visita a Anfield em um teste de maturidade.
Clássico que atravessa gerações

Liverpool e Manchester United são dois mundos em choque. É impossível falar sobre o futebol inglês sem entender essa tensão que começou com um canal e se transformou em paixão nacional. Mudam os técnicos, mudam os elencos, mas a tensão permanece a mesma.
Além de toda a rivalidade, o North West Derby deste domingo (19) vale muito dentro de campo. Para o Liverpool, representa a chance de reagir e voltar à vice-liderança, enquanto para o United, é a oportunidade de encerrar um jejum incômodo em Anfield e mudar o rumo da temporada. A tabela pesa, mas o contexto histórico empurra o clássico para um patamar diferente.