Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro
Com atuação fraca e dificuldade na criação, time mineiro é dominado na estreia e leva gol nos acréscimos na Argentina
O Cruzeiro estreou com o pé esquerdo na Copa Sul-Americana. Perdeu por 1 a 0 para o Unión Santa Fe, no Estádio 15 de Abril, na Argentina, e viu a chance de voltar com um ponto escapar no último lance. Mas o resultado, embora dolorido, não caiu do céu. Ele foi construído durante os 90 minutos por um time argentino que teve mais disposição, mais presença e, principalmente, mais ideia do que queria fazer em campo.
A atuação do Cruzeiro foi fraca, mesmo considerando a escalação mista. A equipe teve dificuldade para se impor e praticamente não levou perigo ao gol adversário. Com três volantes em campo — Lucas Romero, Walace e Christian —, o meio-campo ficou engessado e pouco criativo. A posse de bola existiu em alguns momentos, mas não se transformou em chances reais. O próprio técnico Leonardo Jardim reconheceu isso com clareza: “Não conseguimos nos impor em nenhum momento. Foi um jogo de luta, não bem jogado, mas com intensidade.”
Unión Santa Fe domina com intensidade
O Unión começou mais organizado e fez do meio-campo o seu território. Estigarribia foi o primeiro a assustar, quando Gamarra errou um recuo e o atacante argentino ficou cara a cara com Cássio. O goleiro salvou, mas o sinal de alerta já estava aceso. O Cruzeiro só respondeu aos 20, com um voleio bonito de Lautaro, graças a boa enfiada de Gagibol, mas foi bem defendido por Cardozo. Depois disso, o time estrelado voltou a ter dificuldades para trocar passes no campo ofensivo.
A equipe argentina não teve grande volume ofensivo, mas manteve o controle emocional do jogo. Mesmo quando o Cruzeiro teve mais a bola, o Unión seguiu pressionando a saída e forçando erros. Aos 41 do primeiro tempo, Dómina até balançou as redes após driblar Cássio, mas o impedimento foi marcado corretamente.
No segundo tempo, a situação se repetiu. Com dificuldades para sair da marcação, o Cruzeiro tentava acelerar pelos lados, mas faltava precisão. Walace, que já vinha mal em outras partidas, teve mais uma atuação apagada.

Cruzeiro rendido assiste ao jogo dentro de campo
A imagem do Cruzeiro foi a de um time que entrou sabendo da dificuldade, mas sem resposta para ela. O Unión cresceu na reta final e levou perigo em finalizações de Estigarribia e Lucas Gamba. O gol parecia questão de tempo, mesmo com poucas chances claras. Nos acréscimos, a pressão virou recompensa: escanteio cobrado por Verde, sobra na área e Diego Díaz balançou as redes.
O Cruzeiro viu o jogo acontecer e não conseguiu reagir. A posse de bola nos minutos finais não serviu para nada. O Cabuloso tocava de lado, recuava, errava passes curtos. O goleiro do Unión poderia assistir ao jogo de camarote, sem precisar intervir. Foi o retrato de uma equipe desorganizada e com sérias limitações na construção ofensiva.
Leonardo Jardim não se esquivou. Disse o que muitos viram: “Foi um jogo muito de luta, de entrega, já sabíamos disso. Entramos com muitos jogadores que têm essa característica de agressividade, de luta. Depois, na segunda parte, no início, foi nosso melhor período e depois perdemos um pouco, o adversário foi mais intenso e foi feliz numa bola parada.”
A escalação alternativa serve como contexto, mas não como desculpa. O Cruzeiro deveria ter tido mais controle, mais força coletiva. O Unión, mesmo limitado, se mostrou mais preparado. Não é sobre talento individual. É sobre funcionamento. É sobre saber o que fazer quando a bola chega. E o time mineiro não soube. Não dá para classificar como acidente o que foi consequência direta da atuação. O Unión mereceu vencer. Foi mais intenso, mais focado e mais coletivo.
O que vem por aí?
No domingo, o desafio é o Internacional, pelo Brasileirão, no Beira-Rio. Um teste ainda mais duro, diante de um adversário mais qualificado. Logo, a resposta precisa vir com desempenho, com presença, com ação. Porque o torcedor entende a derrota. Só não aceita ver o time entrar em campo e não competir.