O uniforme tricolor nasceu de uma escolha ousada, derrotou concorrentes insossos e virou marca registrada no Brasil e no mundo
Começar uma história de paixão com as palavras “cinza e branco” é como pedir um café sem açúcar. E foi assim que nasceu o Fluminense em 1902. Por três anos, o clube usou um uniforme sóbrio, que não empolgava nem os próprios torcedores.
Em maio de 1905, um grupo de sócios, cansado do desânimo cromático e das dificuldades pra manter aquele uniforme, botou o dedo na ferida: era hora de mudar. E não foi qualquer mudança. O Fluminense decidiu colocar cor, identidade e presença na sua camisa. E foi assim que nasceu o Tricolor.
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Um toque de elegância britânica
O que muita gente não sabe é que o Fluminense não virou Tricolor por acaso. Isso foi votado numa Assembleia Extraordinária, com direito a propostas, debates e rejeições. Rolou até uma ideia de uniforme azul-escuro com azul-claro, mas tomou de lavada: 14 a 2 contra.
Outra sugestão era cinza com grená. Tentaram até defender, mas perdeu por 10 a 6. No fim, quando o trio verde, branco e grená apareceu na mesa, foi amor à primeira vista: aprovada por unanimidade.
A inspiração veio de uma viagem à Inglaterra, mais precisamente a uma loja em Londres chamada Stokes & C.L. Sports, onde Oscar Cox e Mario Rocha viram o modelo na vitrine. A combinação tinha classe, ousadia e um charme que faltava ao Flu até então. Voltaram pro Brasil com a ideia debaixo do braço. E olha… acertaram em cheio.
A camisa que jogou, venceu e fez história
A estreia do novo uniforme foi em grande estilo. No dia 7 de maio de 1905, o Fluminense meteu 7 a 1 no Rio Cricket. Era o prenúncio de uma nova era. Gols de sobra, camisa nova e uma identidade que até hoje mexe com o imaginário do torcedor.
Desde então, foram mais de 4 mil partidas com a camisa tricolor. O aproveitamento? Mais de 60%. Tá bom ou quer mais? Ela tava presente nos grandes títulos: Copa Rio de 1952, Brasileiros de 1984 e 2010, Libertadores de 2023 e a Recopa de 2024.
Não é só tradição. É marca registrada!
Se você achava que “Tricolor” era só apelido carinhoso, segura essa: o Fluminense tem o uso exclusivo do termo registrado no INPI desde 1981. Isso mesmo. “Tricolor” é marca legalmente protegida, renovada e garantida até 2033, podendo ser estendida quando quiser. Em tese, qualquer clube que quiser usar essa expressão deveria pedir permissão ao Flu.
Claro, isso nunca virou guerra. O Fluminense nunca saiu por aí distribuindo processos. Mas o direito é dele, e isso mostra o quanto o clube foi pioneiro na criação de uma marca forte. Enquanto muita gente copia o que tá na moda, o Fluzão criou tendência lá atrás e ainda botou o nome na capa.
Um visual copiado no mundo todo
E não foi só o Brasil que se encantou. Estima-se que mais de 70 clubes espalhados pelo planeta usam o nome Fluminense ou adotaram uniformes tricolores inspirados no clube carioca. Fluminense de Feira (BA) e o do Piauí são só os exemplos mais conhecidos.
Ou seja, o verde, branco e grená virou exportação. O Fluzão, com sua camisa estilosa, seu bom gosto europeu e sua ousadia tropical, influenciou gerações.
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Muito mais do que um time de futebol
O Fluminense entendeu cedo o que muita marca grande demora pra perceber: não se constrói identidade sem coragem. Trocar o uniforme era uma decisão arriscada. Mas eles fizeram isso com propósito, bom gosto e uma visão de futuro. Deram um passo estético que virou cultural e histórico.
Em tempos de futebol cada vez mais genérico, com uniformes iguais, escudos parecidos e slogans prontos, o Fluminense se mantém autêntico.
Hoje, quando você vê um torcedor gritando “Vamos, Tricolor!”, não tá só torcendo. Está reafirmando uma herança e tá vestindo um pedaço da história.