A Suprema Corte do Reino Unido começou na terça-feira (28) a ouvir as primeiras manifestações no processo movido por Felipe Massa contra a Fórmula 1, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e Bernie Ecclestone. O brasileiro busca reparação pelos desdobramentos do GP de Singapura de 2008, corrida que teve resultado influenciado por um acidente proposital da Renault, episódio que ficou conhecido como Crashgate.
Massa, que disputa atualmente a Stock Car, pede que seu nome seja reconhecido como campeão daquele ano e solicita indenização que gira em torno de R$ 440 milhões. Segundo a defesa, o valor corresponde a premiações, bônus e impactos financeiros de longo prazo que o piloto teria recebido caso conquistasse o título.
O julgamento desta semana não decide o mérito da questão. A etapa é preliminar: o tribunal vai avaliar se há elementos suficientes para que o caso avance para fase de coleta de provas ou se será encerrado. A previsão é que essa fase inicial dure até 31 de outubro. Nesta terça, ocorreu a leitura dos autos; ao longo dos próximos dias, a corte ouvirá representantes da FIA, F1 e Ecclestone, e depois os advogados do brasileiro apresentarão seus argumentos. Felipe Massa acompanha o processo presencialmente.
O caso que levou Massa aos tribunais
A ação do brasileiro se baseia no GP de Singapura de 2008. Na ocasião, Nelsinho Piquet bateu de propósito sob ordem da Renault para provocar a entrada do safety car, favorecendo Fernando Alonso, seu companheiro de equipe, que venceu a prova. Felipe Massa liderava a corrida, mas uma falha no pit stop (quando a mangueira de abastecimento ficou presa no carro) fez o piloto cair para o 13º lugar.
Ao final daquela temporada, Massa perdeu o título por apenas um ponto para Lewis Hamilton. Para o brasileiro, se a prova de Singapura tivesse sido anulada quando a manipulação foi comprovada, ele seria o campeão daquele ano.
Felipe ressalta, entretanto, que a disputa judicial não tem como foco retirar o título de Hamilton, mas corrigir um resultado influenciado por fraude.
“Essa não é uma luta contra o Lewis. É uma luta contra uma corrida que foi manipulada. Em outros esportes, resultados foram revistos. Não há motivo para ser diferente aqui”, afirmou em declarações anteriores.
O estopim da ação: uma entrevista em 2023
Embora o escândalo tenha vindo à tona em 2009, Massa decidiu levar o caso à Justiça apenas após uma entrevista concedida por Bernie Ecclestone em 2023. Na ocasião, o ex-chefe da Fórmula 1 afirmou que FIA e FOM já sabiam ainda em 2008 que a corrida havia sido manipulada, mas optaram por não agir para evitar danos à imagem do campeonato.
Segundo as normas esportivas da época, os resultados de uma temporada não podiam ser alterados após a cerimônia de premiação, o que impediu qualquer revisão oficial.
Com a declaração, a defesa de Massa argumenta que houve omissão deliberada das entidades responsáveis pelo campeonato, o que fortalece o pedido de reparação agora levado à Justiça britânica.
Próximos passos
Se a Suprema Corte entender que existem fundamentos suficientes, o caso segue para análise completa, com apresentação de provas, depoimentos e reconstituição documental. Caso contrário, será arquivado.
